Pioneira da Defensoria Pública, Maria Nice Leite de Miranda morre aos 95 anos no Rio de Janeiro

Maria Nice Leite de Miranda

Faleceu neste domingo (27), aos 95 anos, a advogada Maria Nice Leite de Miranda, figura central para a história da Defensoria Pública no Brasil. Ela estava internada no Hospital Copa Star, localizado em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, desde o dia 12 de abril. A família não divulgou a causa do falecimento.

Primeira mulher a assumir o cargo de defensora pública do país, Maria Nice iniciou sua carreira na Defensoria em 1958, tornando-se uma referência nacional quando o tema era a igualdade de gênero e o acesso à justiça. Durante décadas, exerceu um papel de protagonismo na instituição, ocupando postos como corregedora-geral e decana, além de contribuir fortemente para a consolidação da atuação em defesa dos mais vulneráveis.

A trajetória pioneira de Maria Nice também inclui ser a primeira mulher a exercer a função de promotora de Justiça no estado do Rio de Janeiro. Em reconhecimento ao seu papel fundamental para a sociedade e a cultura jurídica fluminense, foi agraciada, em 2007, com o Colar do Mérito Judiciário, uma das maiores honrarias concedidas pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Paulo Vinícius Cozzolino Abrahão, defensor público-geral do Estado do Rio de Janeiro, ressaltou a importância histórica de Maria Nice: “Ela foi um marco na história da Defensoria Pública e na luta pela igualdade de gênero no país. Sua trajetória pioneira e seu compromisso com a Justiça deixarão um legado que seguirá inspirando gerações”.

Após décadas de dedicação, Maria Nice se aposentou aos 70 anos, mas permaneceu ligada à instituição, participando de eventos e sendo frequentemente homenageada. Em 2022, recebeu um tributo especial na estreia do documentário “Paixão Verde: a Defensoria Pública do Rio de Janeiro em suas primeiras décadas”. Durante a cerimônia, emocionada, ela declarou: “Na Defensoria eu me sentia em casa, em família. O trabalho era muito difícil porque era só eu de mulher – então qualquer coisa, pediam para eu ir. Agora, mesmo aposentada, meu coração continua lá.”

A cerimônia de despedida será realizada neste domingo, a partir das 13h, no Fórum da cidade de Cantagalo, onde Maria Nice residia. O sepultamento ocorrerá às 17h no cemitério municipal.

A partida de Maria Nice Leite de Miranda deixa uma lacuna na história da Justiça brasileira, mas sua vida é exemplo de coragem, dedicação e luta pela equidade que continuará a inspirar profissionais e cidadãos em todo o país.

Fonte: G1